Bolsonaro impede a polícia de investigar seus filhos: «Eu só quero a superintendência do Rio de Janeiro»

Se se concluir que o presidente exerce pressão política ilegal, o Ministério Público entrará com uma queixa formal no Supremo Tribunal, que, por sua vez, solicitaria autorização do Congresso para iniciar um julgamento político

Por Alexis Rodriguez

15/05/2020

Publicado en

Portugués

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Apesar da crise política, econômica e de saúde no Brasil, o melhor interesse do presidente Jair Bolsonaro é proteger seus filhos de investigações judiciais que os vinculem a vários crimes.

Nos últimos meses, o presidente brasileiro tentou até quatro vezes controlar a Polícia do Rio de Janeiro para bloquear as investigações contra seus parentes.

«Você tem 27 superintendências; Eu só quero um: o Rio ”, disse a extrema-direita em uma conversa que teve com seu então ministro da Justiça, Sergio Moro, como revelado por algumas mídias brasileiras.

De cúmplice a inimigo

Sergio Moro havia ameaçado deixar o governo se Mauricio Valeixo, seu braço direito, fosse substituído como diretor geral da Polícia Federal. Bolsonaro o demitiu em 24 de abril e o ex-ministro da Justiça manteve sua palavra. Nesse mesmo dia, ele convocou uma conferência de imprensa na qual anunciou sua partida e avisou que o presidente estava pressionando-o a ter acesso ilegal a relatórios de inteligência e informações de investigações em andamento.

Na entrevista coletiva, ele o acusou de obstruir e interferir nas investigações e de querer localizar em uma entidade autônoma, como a Polícia Federal, um homem em quem ele confiava, o comissário Alexandre Ramagem, a quem Bolsonaro indicou no cargo, embora mais tarde A decisão foi anulada por um juiz da Suprema Corte.

O ambicioso juiz do caso Lava Jato, que prendeu – sem provas – o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi libertado hoje, tornou-se o principal inimigo de Bolsonaro, denunciando-o por violar o Estado de Direito, apenas 16 meses depois de ingressar ao seu governo e seja cúmplice na gestão da justiça e segurança no Brasil.

Poucos dias depois, as acusações de Moro levaram a Procuradoria Geral da República a abrir uma investigação sobre a conduta do Presidente brasileiro.

Assim, se concluir que Bolsonaro exerceu pressão política ilegal, o Ministério Público deve registrar uma queixa formal no Supremo Tribunal Federal, que por sua vez deve solicitar autorização da Câmara dos Deputados para iniciar o processo correspondente.

Caso suas acusações não sejam verificadas, o ex-ministro poderá ser denunciado por «caluniar» o Chefe de Estado do país sul-americano.

Investigações contra os filhos de Bolsonaro

Em suas declarações, Moro deixou cair que o presidente quer assumir o comando da Polícia do Rio, onde mora sua família, para interferir nas investigações abertas contra três de seus filhos.

«Bolsonaro teme que as investigações policiais cheguem a seus filhos», explicou o analista político da Fundação Casa Rui Barbosa, Fabio Kerche, citado pela La Vanguardia.

O senador Flavio Bolsonaro – o segundo dos quatro filhos do presidente – está sendo investigado pela Polícia do Rio por desvio de dinheiro público para beneficiar grupos paramilitares de extrema direita, bem como por crimes de lavagem de dinheiro no setor imobiliário do Rio de Janeiro.

A Polícia Federal também está investigando o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro por suposto desvio de fundos públicos para financiar e direcionar campanhas sujas de mídia social contra seus rivais políticos e jornalistas.

O vídeo que pode afundar Bolsonaro

Embora o presidente tenha negado as acusações de seu ex-ministro, a quem chamou de «egoísta e oportunista», há evidências de que Bolsonaro exigiu a mudança da direção geral da Polícia Federal para evitar problemas para seus três filhos e vários de seus amigos e amigos íntimos.

A Procuradoria Geral da República tem um vídeo de uma reunião do Gabinete em que Bolsonaro ameaçou demitir Moro se ele não interferisse na Polícia Federal para ter acesso a possíveis investigações contra seus parentes.

«Não vou esperar alguém da minha família ser fodido, mudo toda a área de segurança, mudo o chefe, mudo o ministro», disse a extrema-direita, segundo o vídeo que a rede O Globo transmitiu. Devido a essas afirmações, o Presidente pode ser processado por cometer pelo menos quatro crimes previstos no Código Penal.

Segundo a imprensa, o vídeo pertence a uma reunião do gabinete em 22 de abril e é a principal evidência que o procurador-geral, Augusto Aras, tem na investigação aberta pelo Supremo Tribunal Federal para determinar se a demissão de Moro como Ministro da Justiça tem a ver com os interesses particulares de Bolsonaro para obstruir a justiça.

Segundo o advogado de Moro, Rodrigo Sánchez Rios, o material audiovisual «confirma totalmente» as denúncias do ex-ministro e, portanto, «é extremamente importante» que seu conteúdo, até agora sob sigilo sumário, seja divulgado.

Depois de revelar o conteúdo do vídeo, o presidente reagiu e negou qualquer pressão para interferir nas investigações da Polícia Federal.

«Nesse vídeo, a palavra Polícia Federal não existe, tudo o que a imprensa está montando são notícias falsas», ele sentenciou, defendendo seu direito constitucional de nomear o chefe da força.

Em diálogo com os jornalistas, ele negou as acusações de Moro após sua saída forçada do governo e minimizou o conteúdo vazado do vídeo da reunião do gabinete, informou a República.

No entanto, se forem encontradas indicações suficientes para uma acusação formal, Bolsonaro poderá ser suspenso do cargo pelos 180 dias que o julgamento duraria e substituído pelo vice-presidente Hamilton Mourão, que também encerraria o mandato que termina em 1 de janeiro de 2023, se o governante foi considerado culpado.

Aumento da reprovação

A investigação não é o único problema enfrentado pela extrema direita, uma vez que a taxa de desaprovação de seu governo aumentou 12 doze pontos percentuais desde janeiro e está em 43,4%, de acordo com uma pesquisa divulgada esta semana pela associação de empregadores da Confederação Nacional de Transportes ( CNT).

Segundo a consulta, 55,4% desaprovam Bolsonaro, contra 47% que responderam o mesmo na pesquisa anterior, realizada em janeiro. Enquanto isso, a taxa de aprovação na nova pesquisa é de 39,2%, ante 47,8% em janeiro.

No entanto, a taxa de desaprovação pode ser agravada pela gestão desastrosa do governo da pandemia do COVID-19, que continua a ser minimizada por Bolsonaro, embora a curva de contágio e morte aumente todos os dias sem parar.

Enquanto o coronavírus já infectou mais de 180.000 pessoas e matou 12.500 pessoas no país sul-americano, a extrema direita está mais preocupada em tentar bloquear investigações criminais contra seus filhos.

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